Trabalho difícil, mas de saudosa memória: museus do interior paulista preservam histórias dos ferroviários da Sorocabana
11/07/2025
(Foto: Reprodução) Em 1971, ano em que passou a fazer parte da Fepasa e deixou de existir, a Estrada de Ferro Sorocabana (EFS) tinha 17,6 mil funcionários, maior número entre as cinco ferrovias estaduais que estavam se unindo. Estrada de Ferro Sorocabana completa 150 anos nesta quinta-feira
Em 1971, ano em que passou a fazer parte da Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa) e deixou de existir, a Estrada de Ferro Sorocabana (EFS) era, segundo os relatórios de criação da nova empresa, a detentora dos maiores índices entre as cinco ferrovias estaduais que estavam se unindo. Inclusive o número de funcionários: 17,6 mil. Agenor Almeida, hoje com 76 anos, morador de Sorocaba (SP), era um deles.
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Ele foi admitido em 1967 pela EFS, em Itararé, como truqueiro (responsável pela verificação das rodas e eixos das composições). Depois, passou a ajudante de maquinista e maquinista, já na Fepasa, em 1974. Foram quase 30 anos a serviço dos trens até se aposentar, em 1996.
"Foi uma época difícil para nós, porque não tínhamos muitos recursos, viajávamos para longe, até Santa Catarina, Ponta Grossa. Mas era muito lindo, até hoje sinto saudades. Sonho com os trens no trecho. Sabíamos que iríamos ver coisas bonitas. Foi um tempo bom", relembra ele, que costumava conduzir os trens no chamado ramal de Itararé.
Agenor Almeida trabalhou por 30 anos nas antigas EFS e Fepasa
Reprodução/TV TEM
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Números finais da EF Sorocabana (1970)
Extensão de malha ferroviária: 2,01 mil quilômetros;
Passageiros de longo percurso: 5,4 milhões/ano;
Passageiros de subúrbios: 27,8 milhões/ano;
Tonelada-quilômetro útil de cargas transportadas (TKU): 1,9 milhão/ano;
Quantidade de locomotivas: 233;
Quantidade de vagões: 8,59 mil;
Quantidade de carros de passageiros: 639;
Número de ferroviários: 17,6 mil.
Lugares de memória
As memórias desses e de outros ferroviários da Sorocabana estão preservadas em diversos museus instalados nas principais cidades por onde a ferrovia passava.
Eles conservam e expõem, ainda, diversos utensílios simbólicos das estações, como lamparinas, aparelhos de staff, bandeiras e carimbadores de bilhetes, que perderam função com o fim dos trens de passageiros e a substituição da tecnologia. Há locais onde é possível visitar até antigas locomotivas. Confira:
Sorocaba
Museu da Estrada de Ferro Sorocabana (MEFS)
Museu da Estrada de Ferro Sorocabana
Prefeitura de Sorocaba/Divulgação
Instalado na antiga casa do engenheiro-chefe da Estrada de Ferro Sorocabana, o Museu da Estrada de Ferro Sorocabana (MEFS) foi constituído em março de 1997 pela antiga Fepasa e, posteriormente, transferido à prefeitura.
Conforme a administração, além da exposição permanente, promove exposições temporárias, cursos, oficinas e apresentações artísticas destacando o papel da ferrovia no cotidiano de Sorocaba.
Endereço: Rua Álvaro Soares, 533, Jardim Maylasky, em frente à Estação Ferroviária
Telefone: (15) 3218-6101
E-mail: museusdesorocaba2@gmail.com
Funcionamento: de terça a sexta-feira, das 9h às 16h
Centro de Memória Ferroviária - Estação Paula Souza
Antigas locomotivas são atrações do Centro de Memória Ferroviária de Sorocaba
Rafael Javaro / MPF-Sorocabana
Espaço cultural gerido pela OSCIP Sorocabana - Movimento de Preservação Ferroviária na Estação Paula Souza. Promove o resgate, a restauração e exposição de equipamentos ferroviários históricos (locomotivas, carros de passageiros, vagões de carga e máquinas operatrizes) representativos para a memória tecnológica da ferrovia e passeios de trem, como a Locomotiva a Vapor nº 58, que realiza pequenos passeios turísticos.
Também sedia eventos culturais como palestras, debates, lançamento de livros e peças teatrais com a temática ferroviária.
Endereço: Rua Paula Souza, 420, Centro
E-mail: mpfsorocabana@gmail.com
Funcionamento: sábados e domingos, das 10h às 16h, com visitação mediante agendamento, ou nas datas dos eventos divulgados pelas redes sociais
Jundiaí
Museu dos Ferroviários
Museu dos Ferroviários, em Jundiaí, preserva a memória de três ferrovias
Prefeitura de Jundiaí/Divulgação
O Museu dos Ferroviários foi reaberto em setembro de 2022 no antigo Complexo Fepasa. Ao ingressar por uma entrada de estação ferroviária simulada por um balcão de vendas de passagens, o visitante acessa "estações" temáticas com documentos, fotos e objetos vinculados à história das ferrovias Paulista, Sorocabana e Santos a Jundiaí, além de réplicas de locomotivas, malas e baús, máquinas emissoras de bilhetes e mobiliário das estações.
Endereço: Avenida União dos Ferroviários, 1.760 – Espaço Expressa (antigo Complexo Fepasa)
Telefone: (11) 4589-6800
E-mail: agendamento.expressa@jundiai.sp.gov.br
Funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h; sábados e domingos, das 10h às 16h
Mairinque
Museu Ferroviário de Mairinque
Acervo do Museu Ferroviário de Mairinque, instalado na Estação Ferroviária
Divulgação / AMPF / Pró-História
O Museu Ferroviário de Mairinque está instalado em uma ala da Estação Ferroviária, projetada pelo arquiteto Victor Dubugras, construída em 1906, tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio histórico por ser o primeiro imóvel em concreto armado do Brasil.
Endereço: Rua Dr. Luiz Matheus Maylasky, s/nº, Centro
Telefone: (11) 4718-2608
E-mail: cultura@mairinque.sp.gov.br
Funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Visitas aos finais de semana sob consulta.
São Roque
Museu Ferroviário de São Roque
Peças e utensílios dos trabalhadores estão expostos no Museu Ferroviário de São Roque
Divulgação/AMPF
A Estação Ferroviária de São Roque sedia o Museu Ferroviário administrado pela ANPF/Sorocabana com apoio da prefeitura. Conforme os responsáveis, estão expostos materiais diversos relacionados à ferrovia e, principalmente, à Estrada de Ferro Sorocabana (EFS), além de duas locomotivas a vapor e três carros de passageiros que serão usados no futuro trem turístico do município.
Endereço: Rua Engenheiro Gaspar Ricardo, s/nº, bairro Estação
Telefone: (11) 94371-1202
E-mail: thgconsultoria@viagensdetrem.com.br
Funcionamento: sábados e domingos, das 8h30 às 15h30
Bauru
Museu Ferroviário Regional de Bauru
O ‘selfiepoint’ do Museu Ferroviário de Bauru foi montado com material reciclado
Priscila Medeiros/Prefeitura de Bauru
O Museu Ferroviário Regional de Bauru (MFRB) é mantido pela Secretaria Municipal da Cultura e preserva a memória das ferrovias Noroeste, Paulista e Sorocabana. Segundo seus administradores, conta com três mil peças tridimensionais. O acervo divide-se em musealizado (indumentária, obras de arte, louças, acervo etnográfico) e funcional (ferramentas, sinalização ferroviária, capacetes), incluindo um setor de grandes peças. O acervo documental é formado por mais de 500 mil documentos e estão armazenados, ainda, mais de 500 horas de áudio e vídeo depoimentos.
Conforme a prefeitura, a visitação ao acervo está temporariamente suspensa para adequação do prédio.
Endereço: Rua Primeiro de Agosto, 1-36 – Centro
Telefone: (14) 3212-8262
E-mail: museuferroviario@bauru.sp.gov.br
Funcionamento: mediante agendamento
Itapetininga
Museu Ferroviário de Itapetininga funciona em antigo estádio de futebol
Divulgação
Recentemente revitalizado, o Museu Ferroviário de Itapetininga (MFI) está instalado no antigo Estádio José Santana de Oliveira, construído pelos ferroviários para sediar o Clube Atlético Sorocabana de Itapetininga (Casi). Conta com diversas peças antigas e, em sua área externa, tem uma locomotiva a vapor alemã, de 1912, originária da Estrada de Ferro Araraquara (EFA), em exposição.
Endereço: Rua Padre Albuquerque, nº 1150, Centro
Telefone: (15) 99619-24-74
E-mail: museu.ferroviariodeitapetininga@hotmail.com
Funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h. Sábados, domingos e feriados, mediante agendamento, para atendimento a grupos.
Ourinhos
Museu Histórico Ferroviário de Ourinhos
Museu Ferroviário de Ourinhos expõe cerca de 60 peças na Estação Ferroviária local
Prefeitura de Ourinhos/Divulgação
Instalado em 2022 pela prefeitura em uma ala da estação ferroviária, o Museu Histórico Ferroviário de Ourinhos abriga mais de 60 peças, que, conforme a administração, promovem o resgate histórico da memória ferroviária local, como um telégrafo usado para enviar mensagens entre estações, apito de saída de trem, modelos antigos de trilhos, placas de numeração de linhas, entre outros itens.
Endereço: Rua Henrique Tocalino, 15, Centro
Telefone: (14) 3302-1450 (Setor do Turismo)
E-mail: turismo.ourinhos@gmail.com
Funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e 14h às 17h
Botucatu
Museu do Ferroviário
Carteiro aposentado mantém museu ferroviário em Botucatu
Arquivo pessoal
O Museu do Ferroviário é fruto do sonho do aposentado Antônio Carlos dos Santos, o Nica, que abre as portas da sua casa para expor ao público uma coleção de mais de 3 mil peças e fotos relacionadas à memória da Estrada de Ferro Sorocabana (EFS) e principalmente dos túneis da chamada Cuesta. Peças de locomotivas, equipamentos antigos da ferrovia, ferramentas e objetos antigos em geral também integram o acervo.
Endereço: R. Dr. Armando de Sales Oliveira, 261 – Vila Maria
Telefone: (14) 3440-1095
E-mail: aventureirosdotunel@hotmail.com
Funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 13h as 18h
Assis
Museu Ferroviário Agenor Francisco Felizardo
Museu Ferroviário de Assis
Divulgação
Construída em 1914, a Estação Ferroviária abriga em uma de suas salas o Museu Ferroviário Agenor Francisco Felizardo, mantido pela Secretaria Municipal de Cultura (SMC), que expõe peças antigas relacionadas à Estrada de Ferro Sorocabana (EFS), como uniformes e utensílios.
Endereço: Av. Rui Barbosa, 14 - Centro
Telefone: (18) 3321-1891 e (18) 3322-7015 (SMC)
E-mail: cultura@assis.sp.gov.br
Funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h
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VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM
O MsFRB conta em média três mil peças tridimensionais, as quais estão em processo de catalogação contínuo. O acervo divide-se em: musealizado (indumentária, obras de arte, louças, acervo etnográfico) e funcional (ferramentas, sinalização ferroviária, capacetes) ainda utilizados nas composições ferroviárias que também integram o acervo, no setor de grandes peças.
